Pois é, Babi já veio pronta e eu na minha ingenuidade achava que o mérito era meu... Babi dormia a noite toda, acordava no máximo 2 vezes pra mamar (estourando), Babi quase não chorava e um simples: não filha, não pode porque faz dodói, era suficiente pra ela não subir na mesa, não mexer em facas, enfim, ela simplesmente obedecia e até hoje é assim. Meiga, carinhosa, inteligente, às vezes preciso gritar dentro de casa: Bá, onde você tá, filha? Porque ela fica tão quieta que às vezes parece que não tem ninguém, e ela responde com sua voz fininha do quarto: Estou no meu quarto mamãe, tô desenhando ou, tô arrumando o meu guarda-roupas (pasmem, ela arruma o guarda-roupas dela, separa saias de shorts e camisetinhas regatas das de manga, juro procês). Conclusão: eu me achava a mãe perfeita, pois minha filha sempre foi muito educada, carinhosa, obediente e tranquila, não entendia como eu conseguia fazer tudo em casa enquanto a Bárbara espalhava seus brinquedos na sala e quietinha brincava, e outras mães não conseguiam fazer nada e estavam sempre com cara de acabadas, pretensiosa eu, não? Pois é, o fato é que então eu tive o meu anjinho, o Júnior, e como eu disse a princípio ele veio pra me virar do avesso, pra fazer cair por terra todas minhas convicções e o que é melhor, o Júnior me fez sair da terrível zona de conforto e me impulsionou a pensar, a pesquisar e a me por em xeque a todo momento.
Preciso compartilhar que no primeiro ano do Júnior eu fui muito negligente, sei-lá, alguma coisa estava errado sabe? Parece que eu tinha sido abduzida por um E.T. Eu estava tão preocupada em manter uma rotina dentro da normalidade, tão preocupada a voltar a trabalhar, tão preocupada com tantas coisas menos importantes que não olhei para o meu anjinho como eu deveria, vivia sem paciência e hoje eu percebo que nem conversar com ele eu conversava, coisa que eu fazia com muita naturalidade com a Bárbara, eu fazia tudo meio roboticamente sabe, e eu não sou assim... O fato é que no começo desse ano que eu ouvi a primeira vez a palavra maternidade consciente e parece que uma venda me foi tirada dos olhos, foi quando percebi o quanto negligente fui com meu anjinho, pra se ter uma ideia quando ele tinha 3 meses eu voltei a trabalhar, como se isso fosse realmente importante, era, mas eu podia e tinha condições de ter esperado mais...
O processo foi: culpa, muita culpa, mais um pouquinho de culpa, terapia e vamos arregaçar as mangas e tomar outras atitudes daqui pra frente.
Bom, agora com 2 anos e 5 meses, o Júnior está rebelde!
O Júnior grita, cospe, bate e se joga no chão, há momentos que parece que ele vira um gremelin.
Um exemplo: ele pega o banquinho e quer mexer na pia da cozinha, pega o detergente e quer lavar louça, é o tipo de coisa que não pode certo? Pois bem, Júnior, não pode filho, a mamãe está fazendo papá, se você ficar aí, além de se molhar e ficar dodói, você vai acabar com o detergente da mamãe e como a mamãe vai lavar louça? Então tiro ele do banquinho e falo, vai brincar com seus brinquedos enquanto a mamãe termina o papá. É nesse momento que ele vira o gremelin, ele grita um sonoro não, cospe e chora tão alto que eu tenho a impressão de que qualquer hora o conselho tutelar vai bater na minha porta, porque quem passa na rua só pode pensar que ele tá apanhando... Aí desanda tudo, eu tenho que acalmá-lo de alguma forma que eu ainda não descobri qual é, paro de fazer o jantar no meio do caminho, na maioria das vezes jantamos mais tarde do que o habitual, enfim, é como se fosse a primeira vez que eu sou mãe...
Tento conversar, acalmá-lo, pego no colo, explico que não pode, vou dar uma volta na garagem, só que muitas vezes eu não sei mais o que fazer, então deixo-o chorar e retomo o jantar, é nesse momento que eu me sinto mais impotente e muitas vezes choro também, porque eu penso: meu Deus, eu não sei lidar com meu filho! Então tento evocar o mantra das mães: isso vai passar, é só uma fase... E então a voz do meu marido e do meu sogro ecoam na minha mente: vai deixar pra educar quando tiver grande, aí já não adianta mais! Sabe o que é esse educar né? Bater! Não quero e não vou bater no meu filho, já dei uns tapas sim, não vou mentir, mas me senti pior ainda, claro que uns tapas "tira pó" como diz minha mãe, mas mesmo assim, não é a intensidade do tapa e sim o ato, não vou fazer isso, ele só tem 2 anos e 5 meses, isso é ridículo, é desumano!
Inevitável eu pensar que ele age assim por conta de eu não ter me dedicado a ele como deveria no primeiro ano de vida dele, então a culpa vem e dá uma batidinha na porta, às vezes eu acabo abrindo, outras não...
Quero basear a educação que eu dou para os meus filhos no conceito da criação pelo vínculo, é algo novo pra mim mas que tem toda coerência com a pessoa que eu sou hoje e principalmente com a pessoa que eu quero me tornar. Bater, pôr de castigo, amedrontar com o bicho papão e gritar eu sei fazer, foi assim que foi feito comigo, não por maldade, apenas por repetição, mas eu não quero continuar esse ciclo, por isso peço a ajuda das mães, maternas, mamíferas e todas mais que puderem me ajudar, quero conseguir entender meu anjinho, ajudá-lo com seus conflitos e guiá-lo para se tornar um ser humano pleno e feliz!