quarta-feira, 31 de julho de 2013

Marcha da Vadias x Visita do Papa

Ontem estava vendo uma reportagem sobre a Marcha das Vadias x Visita do Papa e fui dormir pensando a respeito...
Na Marcha das Vadias os manifestantes exigem mais respeito e consideração com as mulheres e o feminino em um mundo ainda controlado por uma ideologia machista e falocêntrica, manifestam-se pela legalização do aborto e contra o estatuto do nascituro. Ok, acho tudo isso válido, legítimo!
Vale dizer aqui que não sou a favor do aborto, não faria o aborto nunca, jamais na minha vida, isso é além de mim, vai na contra mão de tudo que eu acredito, mas... Isso não quer dizer que todos tenham que pensar como eu, isso não quer dizer que todos tem que seguir os meus valores, muito menos que a Igreja (seja ela qual for) tenha o direito de decidir isso na vida de alguém, afinal, como ressoa aos quatro ventos, o estado deveria ser laico. Bom, esse assunto é muito mais complexo e merece um post só pra ele, a questão aqui é a legitimidade da Marcha das Vadias.
Acontece que enquanto eu assistia, por mais que eu apoiasse a causa, não conseguia sentir boas energias com o que eu via, os excessos me assustaram, ao passo que quando eu via o Papa meu coração se enchia de ternura e eu cheguei até a me emocionar.
Não sou católica, mas estou aprendendo a respeitar todo líder religioso, seja ele de qual religião for (muito embora seja bem difícil respeitar alguns, mas enfim...), acredito que se o mesmo está no lugar que está não é por acaso e há uma missão a cumprir, o que acontece é que muitos (se não a maioria) desviam os caminhos de acordo com seus interesses.
Aí eu entrei em outro dilema: o Papa é fofinho porque a igreja precisava ou a igreja precisava por isso que o Papa é fofinho? Deu pra entender o trocadilho?
E então hoje acordei pensando nisso, e pensando, e pensando... Quando me deparei com esse texto que diz muito do que eu penso a respeito, ou seja, RESPEITO!
Não importa se eu não fui respeitada até hoje por ser minoria, eu vou buscar meus direitos com RESPEITO, mostrando ao outro que me desrespeitou que podemos fazer de uma outra forma.
É claro que em todo tipo de manifestação e reivindicações acontecem os excessos, acho que no fim isso acaba sendo legítimo também, mas não é legal, não traz o objetivo esperado, sei-lá se eu sou muito romântica, só acho, rssss....

Parte do texto que vale muito a pena ler:

As manifestações públicas, mesmo aquelas de caráter reivindicatório justo e adequado (como a Marcha das Vadias, em que as manifestantes exigem mais respeito e consideração com as mulheres e o feminino em um mundo ainda controlado por uma ideologia machista e falocêntrica), são um prato cheio para o atos de exibicionismo, atitudes histéricas e até mesmo a perversidade explícita. Para além dos pedidos e das queixas (como eu disse, justas e coerentes), alguns dos manifestantes (normalmente aqueles que menos se interessam pela questão em disputa) usam o público, a plateia sequiosa de escândalos e o clima de exacerbada emoção para todo o tipo de baixaria, abuso e exagero. Com isso suas ações acabam atraindo atenções e comentários, bem mais do que os “15 minutos de fama” regulamentares apregoados pelo visionário Andy Warhol.
Todavia, o resultado é invariavelmente negativo e contraproducente pois tais atitudes acabam por corromper a iniciativa, desviando a atenção dos valores em debate e distorcendo o foco das ações. Quando tais exageros são permitidos (e as vezes até estimulados) a própria luta pelos direitos em questão enfraquece. Ninguém estará interessado em apoiar um movimento que luta por respeito com as armas do abuso, do escândalo despropositado e do deboche.




quarta-feira, 24 de julho de 2013

O príncipe que nasceu de parto normal e a mãe que não usou cinta ao sair da maternidade.




Poderia começar o dia falando sobre inúmeras coisas, até comentando sobre o frio, que é assunto recorrente por aqui, rssss...
Mas vou começar o dia falando sobre algo que me representa: PARTO!
Não sou nenhuma doutora no assunto, estou aprendendo cada vez mais. Apesar de ter  PARIDO meus dois filhos ainda tenho muito que aprender, mas já percebo que quando se trata desse assunto e algum amigo próximo tem alguma dúvida, já começa a me procurar, pois sabe que alguma coisa vou ter a responder ou na pior das hipóteses vou procurar e depois respondo com exatidão.
O que quero dizer com tudo isso é que um garotinho nasce lá nas terras do chá das cinco, de parto normal, após 11 horas de trabalho de parto, com o pai ao lado, a mãe sai do hospital sem cinta, com a barriga pós parto mais linda que eu já vi, sem maquiagem, enfim... Pasmem, ela é princesa, duquesa, sei lá o quê!
E aí chove compartilhamentos e comentários nas times lines pelo mundo afora... Muita coisa na cabeça de muita gente começa a entrar em xeque, ou pelo menos deveria...
Vamos a algumas possibilidades:
1- Ué, eu jurava que parir era coisa de pobre, que só paria quem não tinha convênio... (oi?)
2 - Nossa, eu achava que parir era coisa de hippie, de índia, dessas mulheres que estão na modinha da humanização...
3 - Nossa, ela podia por uma cinta né, sair com essa barriga pós parto, ela é uma princesa... (parece que até escuto a voz de quem falaria isso, rssss...)
4 - Passa uma maquiagem, põe um batom, caramba ela princesa (duquesa, sei-lá), tem uma imagem a zelar... (nossa, esse comentário merece um blargh, mas eu posso até sentir quem diria isso...)
O fato é que as mulheres deveriam aproveitar o ensejo e pensar melhor sobre esse universo: maternidade x parto x aparecer linda na foto sem barriga.
Aí você vê um monte de "globaletes" saindo do hospital com a cinta apertando até a alma, maquiada, escovada, pronta para um desfile de escola de samba, versus uma mulher que se tornou princesa (duquesa) e sai do hospital simples, como qualquer pessoa normal.
Será que isso não traz nenhum questionamento para as pessoas? Quais são os nossos valores? Onde estou depositando minhas forças? O que é realmente importante pra mim? Será que eu me frusto quando percebo que não consigo depois de 3 meses de "parida" (ou "cesariada") não estar como aquela globalete que eu vi no programa matinal falando da sua recuperação e como já voltou ao corpo que tinha antes da gestação?
Não estou dizendo que as mulheres tem que sair do hospital de coque, com cara de acabada, tremendo e de camisola, não, não é isso. Se cuidar faz parte, o que estou falando é de extremos e como muitas vezes sem mesmo raciocinar as mulheres fazem a maior força para entrar dentro desses padrões, gerando uma frustração ímpar, cobrando umas as outras, cochichando com a "amiga" como fulana engordou depois da gestação, como "tá" acabada, contribuindo com uma rivalidade que na minha humilde opinião não provém das mulheres e sim de um sistema imposto guela abaixo, que fazem com que repetimos padrões presas na normose, sem nem mesmo questionar o porquê de tudo isso!
Não sei, são só questionamentos...
Mas o que as mulheres deveriam começar a se perguntar mesmo é o porquê de tantas cesárias aqui no Brasil, se informar mesmo sabe?!
Caramba, tem hora que eu não me conformo que com tanta informação que a gente tem na internet, tantos blogs fera falando do assunto, até o blog de uma médica super respeitada, recheado de evidências científicas e ainda assim, aquela mulher que você conhece, enche ela de links sobre parto rezando pra que ela se empodere e tome as rédeas do seu parto, da sua vida, chega pra você com aquela cara de coitada e fala: eu não tive dilatação...
Porra mano, tu não aprendeu nada véi! Tu não leu nada véi, do que eu te mandei? Tu não pesquisou, tu não questionou???
Tomara que o nascimento de um príncipe e a repercussão que a notícia vem trazendo, façam com que as mulheres comecem a se questionar de fato e deixar de "queria querer" para QUERER um parto digno, virarem agentes multiplicadoras e ser mais um formiga nesse exército de mulheres e homens que lutam para reverter a realidade obstétrica no país!
Aqui e aqui dois blogs que falam com maestria do assunto!

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Chove chuva!



Aprendi a gostar de chuva com a vó Tereza (como chamamos minha querida vó que já fez a viagem de volta)...
Toda vez que chovia ela falava do quanto gostava da chuva, que molhava as plantações, que gostava do barulho, que lavava a alma...
Engraçado como interiorizei isso e sempre amei a chuva. Quando o tempo se acinzenta, ao contrário da maioria, me sinto feliz!
Me traz recolhimento, interiorização e automaticamente a imagem da minha querida vozinha de óculos e cabelos brancos na mente.
Gosto do barulho, gosto da energia que a chuva traz, hoje penso que ela lava não só a atmosfera mas as energias densas que emanamos na maior parte do tempo...
Vejo a chuva e o frio com outros olhos, procuro encontrar o prazer no frio tanto quanto encontro no calor, tudo é necessário na nossa vida, o "arquiteto" que projetou tudo isso não fez nada em vão, mas teimamos em reclamar na maioria das vezes e querer que até o tempo esteja a disposição do que queremos, mas nem sempre do que precisamos...
Chove chuva, lava minha alma, renova minhas esperanças, meus propósitos, traga-me lembranças que acalentam minha alma e me faz olhar para o futuro com a certeza de que estou me encontrando em cada momento...