quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Sete anos de muita luz na minha vida!












Filha, tenho tanto a te dizer, mesmo sendo redundante...
Em primeiro lugar sou grata a VIDA, ao UNIVERSO, a DEUS, por ter me dado o privilégio de ser sua mãe! Você me ensina com sua doçura, com seu olhar, com sua meiguice, com sua paciência, com sua determinação... Eu tenho tanto orgulho, mas tanto orgulho de você, é tanto amor que me transborda, que me enternece, que me enlouquece quando percebo que sou tão pequena diante da sua grandeza! Incansavelmente eu peço a Deus sabedoria pra poder te dar a base necessária para que você cresça um ser humano pleno, inteiro, feliz, de bem!
Já se passaram 7 anos, muitos erros, alguns acertos e muito, muito aprendizado!
Me perdoa por estar ausente, por muitas vezes não conseguir alcançar a sua demanda, que é tão sutil, tão sublime, muitas vezes requer olhar apenas com o coração... Estou tentando, estou aprendendo, com você, SEMPRE!!!
Você tornou minha vida mais leve e ao mesmo tempo mais pesada, porque é com a maternidade que eu me encaro, que eu me dispo, que eu mergulho fundo nos meus próprios conflitos pra poder ajudar os seus e, SE olhar minha filha, não é fácil não...
Como ouvi uma vez, a ignorância é santa, pois quando eu não sei de nada ninguém pode me culpar, mas quando eu sei o que tenho que fazer, sei onde tenho que mudar, reconheço em mim defeitos, conflitos, qualidades que nem achei que tivesse, ah aí a coisa fica séria... Porque eu preciso sair dessa inércia, eu preciso colocar meus valores no chão, me reconstruir, me entender e é isso que acontece desde que você chegou na minha vida!
Eu me reinvento a todo momento, me entendo e me conheço segundo a demanda que você me traz! Isso é tão rico, é uma troca tão grande, muitas vezes pesada sim, mas extremamente prazerosa. É a tal da montanha que a gente sobe e pensa em desistir no meio do caminho mas algo te dá força e você segue, sentindo o cansaço mas também o prazer de continuar!
É assim que me sinto, subindo uma imensa montanha, a montanha do auto conhecimento e que você me impulsionou a subir, cada passo dado é uma melhor qualidade de vida pra mim e pra você, porque se eu me melhoro como pessoa, consequentemente eu me melhoro como mãe e isso a atinge imediatamente.
Percebe que é um ciclo?
A maternidade, pra mim, tem esse poder e você é peça fundamental nessa história, afinal, é por sua existência que eu me tornei mãe!
Desejo que você nunca perca sua GENEROSIDADE, que é algo que me encanta! Seu espírito curioso, sua determinação! Desejo que você cumpra a sua missão nesse planeta que por hora nos acolhe...
Estarei sempre ao seu lado filha, SEMPRE! Não pra te impor o que EU acho certo ou como "tem" que ser, mas pra te acolher mesmo que os caminhos que você venha escolher não sejam aqueles que sirvam pra mim, afinal, antes de ser minha filha você é um ser humano livre, que merece viver, aprender, experimentar tudo que vier te trazer sabedoria, prazer, entendimento...
Te amo infinitamente filha...

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Sobre a dor da separação e as belezas que se escondem atrás dos momentos difíceis...






"Um discípulo perguntou ao mestre: o que acontece depois da morte?
E o mestre respondeu: venha aqui no final do dia que voltaremos a falar nesse assunto.
O discípulo voltou no final do dia e o mestre comentou: olha, o sol morreu. Ao que o discípulo respondeu: não, o sol não morreu, ele agora brilha em outro lugar, amanhã ele volta a brilhar aqui.
Então o mestre respondeu: isso também acontece com a morte, apenas brilhamos em outro lugar, para depois retornarmos a brilhar aqui. Você sabe que o sol está lá, que ele não morreu, você só não o vê mais, assim acontece conosco."


A passagem de uma vida para o plano espiritual sempre causa dor. Dependendo da maneira como é feita essa passagem dói descontroladamente ou não, mas não deixa de doer...
Meu pai fez a sua passagem com 37 anos de idade, vítima de um infarto fulminante, saí de casa pela manhã e ele estava dormindo, quando voltei ele já estava do outro lado.
Foi a maior dor que senti até então, uma dor lancinante que beira o desespero.
Alguns anos depois quem partiu foi minha avó, pessoa de extrema importância na minha vida, mas ela já estava doente e não foi surpresa sua passagem, doeu tanto, tanto... Sinto sua falta até hoje, sempre sentirei, mas a dor não beirou o desespero. Mais uns anos depois e a segunda pessoa dessa segunda geração (o primeiro foi meu pai) fez sua passagem, meu padrinho, tio Milton. Tio Milton tinha um abraço que não tinha fim, como sou uma das sobrinhas mais velhas, todos me acompanharam muito na infância. Do tio Milton eu apertava espinha, acompanhava ao bar, assistia filme junto. Doeu também, mas como ele estava doente, já esperava por isso...
Ontem partiu a terceira pessoa dessa segunda geração, quando eu me refiro a segunda geração é como eu entendo a minha família, meus avós e seus irmãos fazem parte da primeira geração, do meu ponto de vista, os irmãos e irmãs da minha mãe e seus respectivos maridos e esposas fazem parte da segunda, eu, meus irmãos e meus primos somos da terceira geração e assim por diante... Enfim, ontem o meu querido tio Fábio fez essa passagem, marido da minha tia Iraci, irmã da minha mãe, também já esperávamos por isso, ele estava doente e na situação que ele estava essa foi a melhor situação. Cara, mas como dói!
Com o tio Fábio eu pesquei, eu ri, eu tive medo da injeção de cavalo (era o que ele falava que ia me trazer quando eu desobedecia), o tio Fábio estava na minha formatura do pré, na minha primeira apresentação do jazz, o tio Fábio cedeu a garagem para o chá de bebê da minha irmã, para o aniversário de 1 ano do meu sobrinho, ele nos fez ri muito quando foi visitar Babi e Matheus recém-nascidos. Tio Fábio era apaixonado pela vó Tereza, como um filho querido mesmo, e a recíproca era verdadeira, como era! Tio Fábio tinha lindos olhos verdes, falava muito palavrão e fingia que era bravo, mas a gente não acreditava...
Conversando com a minha irmã ela disse: nossa, eu gostava tanto do tio Fábio, sempre ria muito com ele, sempre recebia olhar de carinho, não entendo porque eu não aproveitei mais!
Quando alguém parte essa é uma sensação que se faz presente em quase todos né? A sensação de não ter curtido tudo o que podia, ainda mais quando a partida é cedo, do ponto de vista material, meu tio só tinha 54 anos...
Mesmo estando um pouco mais distante, devido a vida de casada e as rotinas do dia a dia, sempre guardei meus tios no meu coração e as lembranças doces da minha infância ao lado deles...
Ver meus tios e tias se abraçarem e sentirem profundamente a dor da perda de um cara que era considerado como mais um irmão, foi muito comovente! Acredito que meus tios e tias consideram os cunhados e cunhadas como irmãos mesmo, pois a convivência é muito longa.
Fiquei pensando que minha tia começou a namorar com meu tio quando tinha 17 anos, todos meus tios tem as idades próximas, então eles são como uma grande família de fato.
No meio da dor e da tristeza, como tenho feito ultimamente, procurei tirar o aprendizado proposto e ver a beleza que se esconde atrás das situações difíceis, eu explico:
Impossível não notar o amparo que se instalava entre as irmãs da minha mãe, são 6 irmãs e 1 irmão que se abraçavam a todo momento tentando de todas as formas dividir um pouco da dor que reinava ali. Os olhares de amparo e os abraços foi realmente algo que me comoveu, a sustentação que um dava para o outro sabe?
Num momento em que meu primo chorava bastante, um primo chegou e abraçou de um lado, o outro do outro, a outra prima chegou perto, a outra pôs a mão, como que se todos estivessem dizendo: estamos todos aqui, não podemos fazer passar sua dor, mas estamos aqui.
A energia que emanava daqueles momentos de carinho e apoio chegava a ser palpável...
Outra coisa que me chamou bastante atenção foi que uma prima que não falava com a minha tia a muitos anos, ficou muito triste com o ocorrido, na época de adolescente elas eram muito amigas e não sei por qual motivo brigaram e nunca mais se falaram, essa prima apareceu e o abraço foi tão grande, tão receptivo, que não teve como não se emocionar...
Fiquei sabendo que essa prima está com depressão e então pensei como mesmo em situações difíceis, Deus dá o seu jeito de ensinar, o que eu quero dizer é que pode haver aí um reatamento de amizade que vai acabar ajudando a prima, pois quem conhece minha tia Iraci sabe do quanto ela é bem vinda numa situação dessas.
Enfim, o enterro ocorreu e acabou.
É estranho isso né? Acabou. Sua jornada foi cumprida e o que resta são recordações, saudades e ainda muita dor... Mas acabou aqui, o que podemos ver afinal, os olhos verdes do tio Fábio agora brilham em outro lugar, como o sol...
Que Jesus possa nos carregar no colo nesse momento, principalmente meu primo e minha tia, até que da sua presença só reste a saudade e não mais a dor da separação...
Esteja em paz tio, até breve!