segunda-feira, 18 de novembro de 2013

A gratidão da dor!


Enquanto todos dormiam e o barulho cadenciado do mar se fazia presente, eu me reconectava com a minha dor e me buscava novamente... No horizonte as ondas quebravam e minha vontade era ser aquele cordão branco ao longe... Começando não sei onde e terminando não sei porquê.
Nesse momento eu pensava que quando tudo parecia se encaixar, planos feitos, metas traçadas, mudanças em vista e um mundo de possibilidades pela frente, eis que caio num abismo... Tudo escapou das minhas mãos, me senti caindo, caindo, sem ter onde segurar... Em tudo o que eu tentava me apoiar era falso demais, então se desfazia sobre minhas mãos...Me sinto sozinha, carente, preterida... Me sinto com vontade... Vontade de que nada disso fosse verdade, vontade de corpo e de pele que não posso ter nesse momento... Vejo a cumplicidade dos outros e isso me confunde e entristece, por que não quero querer... Mediante a tudo, como poderia??? A situação nos afasta ainda mais, será que isso o fará perder-se de mim de uma vez? Se isso acontecer é a prova de que já havíamos nos perdido...
Enquanto me reconectava com minha dor, com meus conflitos, percebi que nesse processo alguma coisa me levantou do fundo desse abismo, senti algumas mãos me amparando, palavras que ecoam na minha mente e aos poucos foram me dando força pra levantar a cabeça e ver que nem tudo está perdido.
- Como você está? Quer que eu vou aí?
- Amiga estou com meu coração apertadinho por sua causa, estou muito preocupada com você!
- Você é iluminada, vai sair dessa!
- Você é muito especial, uma pessoa cheia de alegria, te admiro muito, tudo isso vai passar!
- Você é muito forte Mi, consegue colocar seus sentimentos com clareza, é lúcida, quer uma coisa vai lá e faz!
Entre tantas outras coisas boas que escutei, que senti...
Então levantei a cabeça com dificuldade por que a dor foi lancinante, uma decepção, um desespero contido, algumas coisas se encaixando que meus pensamentos corriam de mim mesma... Quando por fim abri os olhos pude ver QUEM EU SOU! E cara, eu gosto do que vejo! Trabalhei muito pra chegar até aqui, estou falando de trabalhar internamente, de cair, de levantar, de se abrir para o novo sempre, de não ter medo de inverter prioridades, de se jogar, de testar, de dizer que eu errei, enfim, seres perfeitos não habitam a terra...
Como diria alguém que eu amo muito: tá, e o que você vai fazer com isso?
Ainda não sei, estou trabalhando tudo dentro de mim...
Só sei que nesse momento, com todo o turbilhão de sentimentos que me habita, sou grata. Sim, sou grata!
Sou grata à vida sempre, por me dar oportunidades de crescimento como esta, por mais dolorido que seja e por colocar essas pessoas ao meu redor, me amparando, me levantando desse abismo, me ajudando a olhar pra frente!
GRATIDÃO!