quarta-feira, 24 de julho de 2013

O príncipe que nasceu de parto normal e a mãe que não usou cinta ao sair da maternidade.




Poderia começar o dia falando sobre inúmeras coisas, até comentando sobre o frio, que é assunto recorrente por aqui, rssss...
Mas vou começar o dia falando sobre algo que me representa: PARTO!
Não sou nenhuma doutora no assunto, estou aprendendo cada vez mais. Apesar de ter  PARIDO meus dois filhos ainda tenho muito que aprender, mas já percebo que quando se trata desse assunto e algum amigo próximo tem alguma dúvida, já começa a me procurar, pois sabe que alguma coisa vou ter a responder ou na pior das hipóteses vou procurar e depois respondo com exatidão.
O que quero dizer com tudo isso é que um garotinho nasce lá nas terras do chá das cinco, de parto normal, após 11 horas de trabalho de parto, com o pai ao lado, a mãe sai do hospital sem cinta, com a barriga pós parto mais linda que eu já vi, sem maquiagem, enfim... Pasmem, ela é princesa, duquesa, sei lá o quê!
E aí chove compartilhamentos e comentários nas times lines pelo mundo afora... Muita coisa na cabeça de muita gente começa a entrar em xeque, ou pelo menos deveria...
Vamos a algumas possibilidades:
1- Ué, eu jurava que parir era coisa de pobre, que só paria quem não tinha convênio... (oi?)
2 - Nossa, eu achava que parir era coisa de hippie, de índia, dessas mulheres que estão na modinha da humanização...
3 - Nossa, ela podia por uma cinta né, sair com essa barriga pós parto, ela é uma princesa... (parece que até escuto a voz de quem falaria isso, rssss...)
4 - Passa uma maquiagem, põe um batom, caramba ela princesa (duquesa, sei-lá), tem uma imagem a zelar... (nossa, esse comentário merece um blargh, mas eu posso até sentir quem diria isso...)
O fato é que as mulheres deveriam aproveitar o ensejo e pensar melhor sobre esse universo: maternidade x parto x aparecer linda na foto sem barriga.
Aí você vê um monte de "globaletes" saindo do hospital com a cinta apertando até a alma, maquiada, escovada, pronta para um desfile de escola de samba, versus uma mulher que se tornou princesa (duquesa) e sai do hospital simples, como qualquer pessoa normal.
Será que isso não traz nenhum questionamento para as pessoas? Quais são os nossos valores? Onde estou depositando minhas forças? O que é realmente importante pra mim? Será que eu me frusto quando percebo que não consigo depois de 3 meses de "parida" (ou "cesariada") não estar como aquela globalete que eu vi no programa matinal falando da sua recuperação e como já voltou ao corpo que tinha antes da gestação?
Não estou dizendo que as mulheres tem que sair do hospital de coque, com cara de acabada, tremendo e de camisola, não, não é isso. Se cuidar faz parte, o que estou falando é de extremos e como muitas vezes sem mesmo raciocinar as mulheres fazem a maior força para entrar dentro desses padrões, gerando uma frustração ímpar, cobrando umas as outras, cochichando com a "amiga" como fulana engordou depois da gestação, como "tá" acabada, contribuindo com uma rivalidade que na minha humilde opinião não provém das mulheres e sim de um sistema imposto guela abaixo, que fazem com que repetimos padrões presas na normose, sem nem mesmo questionar o porquê de tudo isso!
Não sei, são só questionamentos...
Mas o que as mulheres deveriam começar a se perguntar mesmo é o porquê de tantas cesárias aqui no Brasil, se informar mesmo sabe?!
Caramba, tem hora que eu não me conformo que com tanta informação que a gente tem na internet, tantos blogs fera falando do assunto, até o blog de uma médica super respeitada, recheado de evidências científicas e ainda assim, aquela mulher que você conhece, enche ela de links sobre parto rezando pra que ela se empodere e tome as rédeas do seu parto, da sua vida, chega pra você com aquela cara de coitada e fala: eu não tive dilatação...
Porra mano, tu não aprendeu nada véi! Tu não leu nada véi, do que eu te mandei? Tu não pesquisou, tu não questionou???
Tomara que o nascimento de um príncipe e a repercussão que a notícia vem trazendo, façam com que as mulheres comecem a se questionar de fato e deixar de "queria querer" para QUERER um parto digno, virarem agentes multiplicadoras e ser mais um formiga nesse exército de mulheres e homens que lutam para reverter a realidade obstétrica no país!
Aqui e aqui dois blogs que falam com maestria do assunto!

2 comentários:

  1. "Será que isso não traz nenhum questionamento para as pessoas? Quais são os nossos valores?"...

    Foi inevitável ler seu post e não fazer uma direta associação a o outro assunto TÃO falado essa semana: o PAPA!

    Assim como a princesa optou pelo parto normal e a simplicidade na saída da maternidade, vi um post no facebook fazendo comparações com o papa anterior e com o atual. Ele optou por vestimentas, acessórios, trono, muitos mais normais, humanos e simples do que a "exigência papal" pede. Nada de tapete vermelho, trono pomposo, acessórios de ouro e capa vermelha.

    Todo mundo ta espantado com o parto normal da "princesa" e eufórico com a vinda do Papa, mas seria interessante as pessoas terem mais esse tipo de reflexão que você fez no seu post e que eu vi no post sobre o papa.

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    1. Realmente Raquel, estamos nos desacostumando das coisas "humanas" como vc mencionou no comentário, é engraçado como as coisas "mais humanas", normais por assim dizer, perderam espaço...
      Interessante tb esse resgate que eu vejo de muitas pessoas (talvez não da maioria, mas de muitas) pelo normal, pelo simples, pelo humano. Otimista que sou acredito que as mudanças virão dessa minoria, como historicamente sempre ocorreu e seguimos assim, observando as entrelinhas e tirar dos acontecimentos mais aprendizado do que se supõe, rssss...
      Obrigada por aparecer por aqui!
      Bjs!

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