sexta-feira, 15 de março de 2013

QUESTIONAMENTOS POR TRÁS DAS GORDURINHAS

Passei minha adolescência inteira muito magra, diziam que eu só tinha cabelo, pesava entre os 46 e 48 kg., não passava disso. Justamente naquele momento onde você começa a se olhar, os meninos começam a te olhar também, eu me sentia disforme, magrela, cabelo cheio... Ah se eu soubesse...
O meu complexo de inferioridade sempre foi algo que me pegou de jeito, hoje percebo que o que me fazia me sentir menos não era SÓ o fato de eu ser magrela e de cabelo cheio, havia muitos outros conflitos que eu só fui descobrir muito tempo depois na terapia... O fato é que o tempo passou e desde quando casei até hoje (10 anos), eu cheguei a engordar 18kg, nesse exato momento estou 16,100kg mais gorda do que quando casei. No meu caso o problema não foi as gravidez (na gravidez da Bá engordei 10kg e na do Jú 7kg.), eu já vinha engordando gradativamente desde que me casei. Sabe como é né? Pizza todo final de semana, cerveja à la vonté, muita barra de chocolate e agora aos 32 anos eu sofro com 66,100kg e 1,54 de altura...
Logo que o Júnior nasceu eu fui para o Vigilantes do Peso e foi muito bom, emagreci 9kg, cheguei aos 59kg que é um peso limite para minha estatura, é claro que eu não tenho pretensão de chegar no peso de quando me casei, a realidade é outra né? Gostei dos 59kg, fiquei bem! Só que o tempo foi passando e em 2 anos eu recuperei os 9kg que eu tinha perdido no Vigilantes, cara é muito complicado a mudança de hábito!
Eu amo pão de queijo, bolo de milho cremoso, sorvete, cerveja, petiscos, queijo... Não como tudo isso em demasia (só a cerveja, rsss, hipocrisia nessa altura do campeonato não cabe né?), como arroz integral, praticamente nada é frito em casa, sempre tem salada, verdura e legumes na mesa do almoço e jantar, muita fruta, refrigerante é raridade e não tenho tireoide, colesterol e afins, mas ainda sim o tanto que como é suficiente para me deixar como estou.
Estou triste, desmotivada, desde que saí do Vigilantes tentei voltar a me enquadrar nos meus 26 pontos diários, mas é uma luta, eu consigo por 2 semanas, depois eu relaxo, se eu me peso e vejo que eu perdi 1kg, no outro dia eu já tomo aquele café da manhã, escrevendo isso que estou percebendo o quanto eu mesma me saboto, interessante...
O fato é que a exemplo da Ceila no Blog do desabafo de mãe eu quero compartilhar isso com vocês, quero propor uma discussão a respeito, quero me aprofundar nesse momento de porquês!
No post da primeira semana ela propõe a pergunta: Porque a gente não se cuida?
Bom, eu vou junto na opinião dela, eu me cuido, mas não o suficiente pra ter um corpo saudável, até porque se eu me cuidasse de fato, 100%, nem cerveja eu tomaria...
Tomar cerveja bem acompanhada num dia ou noite quente é um prazerzasso, se tiver um petisquinho bem salgadinho então, fica melhor ainda...
Receber amigos e familiares em casa e sentar em volta da mesa com um bom café, bolo, pão também é um puta prazer pra mim, adoro comer quando estou acompanhada, adoro café da manhã e café da tarde, adoro essa confraternização que fazemos em volta da comida, pra mim é unir 2 prazeres, o de estar com pessoas amadas batendo um bom papo e o de comer coisas gostosas, será que essas são minhas muletas?
Pensar no porquê a gente não se cuida é conflituoso, porque a gente sabe o mal que estamos nos fazemos mas não queremos abrir mão do prazer que sentimos ao fazer aquilo, acho que é meio como uma droga, guardada as devidas proporções, claro!
Por exemplo, a pessoa que gosta de sal, está acima do peso, sabe de todos os malefícios que o sal traz, contudo ainda põe aquele salzinho por cima da comida, mesma a mesma já estando bem temperada. Parece que o mal que aquilo vai fazer é algo que tá lá na frente e quando chegar a gente vê o que faz, parece que é mais ou menos assim que agimos, pensamos...
Eu, Michele, faço jazz 2 vezes por semana, não com o intuito de emagrecer não, até porque pra emagrecer com dança só eu fizesse 7 dias por semana, faço por puro prazer e porque querendo ou não eu já saio um pouco do sedentarismo, estou evitando doces, frituras, refrigerantes, até orgânicos eu andei comprando (é que não dá pra comprar toda semana né? $$$$), estou colocando menos sal na comida, enfim, estou procurando adequar um estilo de vida saudável à minha vida.
Sim, vou continuar tomando minha cervejinha no final de semana, o que posso fazer a respeito é diminuir a quantidade, afinal, se estou em busca de uma vida saudável que reflita no meu corpo isso é algo que terá que ser questionado.
Quero me comprometer a escrever toda semana, olhando lá dentro de mim, no fundo mesmo e tentando descobrir os porquês que refletem no meu corpo, vou tentar a cada semana trazer as discussões da Ceila pra cá, pode ser que saia com um ou dois dias de atraso por conta da correria do dia a dia mas quero muito fazer isso acontecer.
Conto com a opinião de vocês, a experiência de cada um e vale se perguntar:
Qual a razão por nosso corpo não merecer o cuidado necessário?
É profundo isso, um corpo que nos foi emprestado e não cuidamos dele com todo o amor que deveríamos, dentro do que EU acredito vamos ter que "prestar contas" desse empréstimo, e aí como vou me explicar se meus excessos causar danos?
Bom, essas perguntas não serão respondidas de bate-pronto, dada a profundidade das mesmas, mas como diria minha amiga Nani, vamos lá, girar a manivela pra ver o que sai!

5 comentários:

  1. Esse tema é bastante interessante e muito, mais muito amplo... Vou colocar aqui um pouquinho da minha percepção em relação a este assunto:
    Pois bem, desde o tempo das cavernas que se alimentar tem sido a principal busca do homem, inclusive por estar diretamente ligada a sobrevivência, ou seja, nosso apetite faz parte do nosso instinto de sobrevivência. Neste período, diga-se de passagem, toda a estrutura da vida do homem, girava em torno da busca de alimentos e água. Desde os nômades: que andavam pela terra em busca de alimentos, até o homem sedentário que iniciou o cultivo de alimentos e criação de animais.
    Nesse momento a relação com a comida atinge um novo patamar: O homem começa a produzir em excesso e utiliza o que resta, como moeda de troca.. surgindo então o primeiro sistema de comércio. O alimento então, além da relação com a sobrevivência, passa a ter relação também com o poder, já que quanto mais excedentes, maior a possibilidade de troca por outros alimentos, produtos e serviços. O restante dessa história, todos já conhecemos, então até aqui temos uma relação de sobrevivência e poder relacionados a comida.
    Falando um pouco agora da relação afetiva que desenvolvemos com a comida: Quando nascemos, nossa motivação instintiva nos leva a chorar em cada situação que julgamos algum perigo a nossa sobrevivência, o nosso bem estar está diretamente ligado a saciedade das necessidades básicas do nosso corpo como saúde, higiene, ingestão de água e principalmente do alimento (leite). Quando cada uma dessas necessidades é suprida, somos invadidos por um sentimento de conforto muito grande (visto que quando um bebe no exato momento em que começa a mamar para de chorar, e na maioria das vezes dorme tranquilamente assim que termina a mamada).
    Porém, muitas vezes (mesmo que as mães tenham uma excelente percepção dos diferentes tipos de choros de um bebê), acabamos por oferecer o leite, quando o desconforto na realidade não era causado pela fome, e mesmo assim o bebê para de chorar, mesmo não tendo a necessidade principal saciada, sente aquela sensação de conforto a qual foi condicionado pelas diversas vezes que chorou de fome e recebeu o alimento.
    Alguma semelhança com a relação que temos com o alimento até hoje??? Sim amiga, alimento ainda é utilizado para suprir outras necessidades e tapear desconfortos que não tem relação com a fome (pelo menos a fome física).

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  2. Por fim, uma relação extremamente contraditória, que é a relação de culpa:
    Quando somos crianças, ou quando temos filhos pequenos, quanto mais comemos ou alimentamos nossos filhos mais “saúde” eles ou nós temos. Vou relatar duas situações diferentes para exemplificar o que estou dizendo:
    Eu sempre fui uma criança bem gordinha... e lembro-me perfeitamente das apertadas em minhas bochechas e cochas seguidas de : Que lindinha, essa menina é bem fortinha né, come bem, ta vendo “fulano” tem que comer que nem a Nani pra ficar forte!!!
    Hoje, que estou acima do meu peso, aquela olhada estilo fita métrica é seguida de: Toma cuidado pra não engordar muito, tem que fazer exercícios, tem que comer pouquinho,seu problema é que você come muito, come fora de hora, come as coisas erradas... e ai vai.
    Segue a incoerência, eu sempre estou “fortinha” demais e minha filha sempre está magrinha demais....
    Chegamos na sua pergunta né Mi. Então fica assim, (e não estou falando de qualidade de alimentação por enquanto, vou entrar nesse assunto e nas relações comerciais e de interesses que existem em torno do “alimento saudável” em outra oportunidade), quanto mais a criança come, quanto mais gordinha, mais ela é saudável, mais ela é cuidada, mais ela é amada. Quanto mais uma pessoa adulta é gordinha, mais é doente, menos “se cuida”, mais é deprimida e mau amada...kkkkk, são essas as duas relações de culpa totalmente controversas: Crinça “magrinha” é doente, adulto magro é saudável. Criança “gordinha” é saudável, adulto gordo é doente.
    Nas próximas postagens a gente continua...

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  3. Achei essa reposrtagem um excelente instrumento de apoio para o assunto: http://super.abril.com.br/alimentacao/comida-tudo-444348.shtml

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    1. Nani, tb acho que esse assunto é bemmmmm vasto, compartilho do seu ponto de vista, mas quero responder melhor, como estou correndo agora não dá, mas voltaremos nesse assunto, rssss...

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    2. Bom Nani, agora vou tentar responder com mais calma, rsss... Concordo que comer tem algo muito mais psicológico por trás do que o simples fato de comer em si, a relação com sobrevivência, poder, preenchimento do vazio, tudo isso realmente faz muito sentido.
      A relação que temos com a comida é realmente algo pra ir fundo, pra cavocar em cada um e entender o porquê, afinal cada um recebe o aprendizado a sua maneira e a ação do meio tb influi muito. Realmente esse é um assunto muito vasto e ainda vamos ter que destrinchá-lo bastante ao longo dos tempos! Beijos e obrigada por estar aqui.

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